Embaixador de torneio, Fallen aposta em CS:GO nacional: “Cenário incrível”

Ícone brasileiro da SK Gaming comemora evolução de calendário anual com Copa do Brasil e vê e-sports com potencial imenso no país: “Estamos caminhando para o topo”

Por Rodrigo Faber São Paulo, SP

Os bons resultados do ano passado para cá da SK Gaming e Immortals, equipes estrangeiras de Counter-Strike: Global Offensive compostas por brasileiros, motivam o crescimento do cenário do jogo no cenário interno. Com o astro brasileiro Gabriel “Fallen” Toledo como embaixador, a inédita Copa Brasil de CS:GO, que começa nesta segunda-feira, é um incentivo para que o game ganhe um calendário estável no país e caia no gosto de um público maior, assim como ocorreu com o League of Legends.

– Claro que, para atingir o mesmo nível do LoL, teríamos que ter muito mais investimentos, principalmente da Valve (produtora do jogo), mas o ecossistema do CS é diferente do LoL, não dá para comparar. Acredito que, com as ligas que estão chegando, o cenário do nosso país irá crescer ainda mais. No que depender de mim, tentarei ajudar ao máximo para a evolução do nosso cenário – afirmou “Fallen”, em entrevista exclusiva ao Sportv.com.

Gabriel "Fallen" cumprimenta fãs após vitória  (Foto: Divulgação / ESL Pro League)Gabriel “Fallen” cumprimenta fãs em campeonato realizado no Brasil (Foto: Divulgação / ESL Pro League)

A maioria dos times que disputarão a Copa Brasil de CS:GO, organizada em conjunto com a Associação Brasileira de Clubes de eSports (ABCDE), já é conhecida pelas formações no LoL: INTZ, Keyd Stars, Pain Gaming, Team One, TShow e ProGraming são as equipes inscritas para a competição. As últimas duas, aliás, se destacaram ao assegurarem vaga para a elite do CBLoL – ambas disputarão o próximo split do torneio.

A Copa Brasil vai durar cinco meses com encerramento em agosto. “Fallen” acredita que a criação de um campeonato com maior duração despertará a atenção de mais pessoas e proporcionará um contexto mais confortável para os jogadores. Assim, os resultados tendem a aparecer sem grande demora, afastando o amadorismo.

– Para quem vive do jogo, ter um calendário é fundamental. As organizações conseguem se preparar melhor, sabem quantos campeonatos podem disputar, quais são as premiações e as possibilidades de arrecadar lucros. O jogador se sente mais tranquilo, pois sabe que não vai jogar um ou dois campeonatos e depois vai entrar num limbo, sem ter o que fazer. Com calendário e estrutura, os resultados podem surgir tanto a curto, médio e a longo prazo. No Brasil, acredito que os resultados surgirão a médio prazo, se continuar da maneira que está acontecendo – opinou o ciberatleta brasileiro.

ESL Pro League, Finais Ibirapuera (Foto: Thiago Correia/GloboEsporte.com)Com a SK ficando com o vice-campeonato, São Paulo recebeu competição internacional de CS:GO no ano passado (Foto: Thiago Correia/GloboEsporte.com)

Nos anos 2000, o Counter-Strike foi um dos jogos mais populares no Brasil. Na versão 1.6, virou febre em lan houses e se espalhou pelo país rapidamente. Porém, não conseguiu manter o próprio status e viveu um declínio em âmbito nacional. Com maior estrutura, o CS:GO busca resgatar os fãs antigos do game e conquistar a nova geração.

– Eu mesmo lutei no CS 1.6 quando o jogo estava quase morto e consegui, claro, com ajuda de outras pessoas, manter a chama acesa. Temos muitos jogadores, jogadores bons, então acredito que passo a passo as empresas estão olhando para o Brasil. Ano passado, tivemos um evento internacional em São Paulo. Quem diria que iríamos receber um campeonato daquele porte? Temos hoje a Gamers Club, XLG, ESL no Brasil, várias empresas produzindo eventos. Isso é importante e são organizações sérias, que dão credibilidade e confiança para os times – argumentou.

SOPRO DE ESPERANÇA

O ano de 2016 foi um marco para o Brasil no cenário mundial do esporte eletrônico. O país recebeu duas competições internacionais, uma delas de CS:GO, o ESL Pro League, em São Paulo. Junto com isso, o setor têm ganhado cada vez mais espaço com expoentes de outras modalidades. Também ano passado, Neymar se mostrou um fã de CS:GO e convidou “Fallen” para partidas do game em sua mansão, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro. Neste ano, Ronaldo Fenômeno, em parceria com o ícone do pôquer, André Akkari, investiu no time de LoL da CNB. A popularização é inegável.

– Estamos muito esperançosos de que este é o elemento que faltava para o Counter-Strike se desenvolver no Brasil, assim como tem acontecido com o League of Legends nos últimos anos. Os e-sports possuem várias modalidades, e nosso desejo é que todas se desenvolvam de forma profissional e que possam ter jogadores e equipes em atividade na maior parte do ano – afirmou Carlos Fonseca, diretor do CNB eSports e atual presidente da ABCDE.

ENTREVISTA COMPLETA COM FALLEN

Sportv.com: Você acha que a concorrência de outros jogos pode atrapalhar, ou o CS tem um público fiel para estabelecer um campeonato?

Gabriel “Fallen”: Cada jogo tem o seu o público, não acho que um jogo ou outro pode atrapalhar. Todos têm espaço em qualquer lugar, basta cada comunidade trabalhar para alavancar o seu público. Conheço pessoas que jogam CS e brincam no LoL, como também tem profissionais no LoL que nas horas vagas jogam CS. Quando falamos do lado competitivo, se eu gosto de um estilo, eu vou me dedicar àquele estilo e assim por diante…

Como você vê o cenário dos e-sports em geral no Brasil atualmente? Acha que eles têm potencial para se firmar como “segunda força”, atrás do futebol?

O Brasil já provou que é apaixonado por e-Sports. Vimos isso na ESL Pro League e temos visto isso em números também. Em pesquisa recente, ficamos atrás apenas de China e Estados Unidos, ou seja, tem muita gente que está consumindo e-sport. Temos um cenário incrível, falando como um todo, várias ligas, jogadores de alto nível, empresas que realizam bons torneios, com boas transmissões… Vemos hoje a grande mídia abraçando o nosso esporte. Isso uma hora iria acontecer, afinal de contas, não dá pra negar que é um fenômeno no mundo todo. Não duvido que, no futuro, as modalidades eletrônicas cheguem no topo da preferência nacional. Hoje em dia, já bate audiência de esportes como o vôlei, se eu não me engano. Estamos caminhando para o topo.

É possível conquistar e transformar um público que não gosta de jogos? Ou a intenção é focar mais jovens e quem já gosta do cenário?

Gosto é uma coisa complicada de lidar, mas quem já tem um contato com games com certeza está mais propício a conhecer novas modalidades. Algumas pessoas ainda enxergam ciberatletas como pessoas que ganham a vida jogando videogame, quando não é bem assim. É uma profissão, é um esporte. Aos poucos, isso está sendo bem visto. A grande mídia está levando o e-sport para um novo público, mostrando números, os eventos, e isso, querendo ou não, ajuda a consolidar o e-sport. É possível, sim, conquistar “haters” ou leigos.

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